A economia circular diz respeito a reintroduzir o resíduo na cadeia produtiva em vez de descartá-lo. Ou seja: inseri-lo no processo, virando matéria-prima para fabricação de novos itens. Com isso, são reduzidas as quantidades de resíduos e também a extração de recursos naturais.
O conceito, de certa forma, mostra às empresas que é possível colocar a sustentabilidade em prática sem que isso signifique um prejuízo financeiro: pelo contrário. Associando desenvolvimento econômico ao uso de recursos de maneira responsável, esse formato tem como objetivo utilizar insumos duráveis, recicláveis e renováveis em vez de matéria-prima virgem e de recursos naturais.
O conceito circular vem na contramão da economia linear, em que o uso do recurso tem começo, meio e fim (extração de matéria-prima, transformação, uso e descarte), mas sem se preocupar com seu “pós-final”. Relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) de 2019 aponta que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, o que equivale a 11,3 milhões de toneladas de resíduos do tipo desperdiçados. Desse montante, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) recicladas.
A reciclagem, aliás, é um dos grandes gargalos da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Uma das principais consequências, claro, é econômica: o país deixa de ganhar R$ 14 bilhões com o reuso do lixo.
A economia circular enxerga a produção numa lógica cíclica, em que os resíduos voltam a ser utilizados para a fabricação, mesmo que de uma forma diferente da original. Resumidamente, é a utilização da matéria-prima até o seu esgotamento.
As empresas, grandes responsáveis pela produção esmagadora de lixo da atualidade, têm grande responsabilidade na implementação da economia circular. Veja como isso é possível.
1. Adotar a logística reversa
Um dos pontos mais importantes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa responsabiliza consumidor, intermediário e empresa fabricante pelo descarte correto de um produto.
Pelo sistema, o fabricante de um notebook será responsável, junto com o consumidor e a loja que vendeu o produto, pela reciclagem e descarte do objeto ao final de sua vida útil. Isso garante segurança para a eliminação do resíduo — e apenas daquele que realmente não for possível aproveitar.
De acordo com os danos ao meio ambiente e à saúde pública, a lei brasileira prevê logística reversa para seis tipos de produtos:
Produtos eletroeletrônicos;
Óleos lubrificantes;
Pilhas e baterias;
Agrotóxicos;
Lâmpadas;
Pneus.
A inserção de mais categorias está em negociação entre Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o setor produtivo.
2. Investir em design sustentável
Um bom design é pensado para oferecer a melhor experiência do usuário possível. No entanto, ele também pode ser responsável por facilitar a economia circular. A escolha de quais e quantos tipos de material farão parte de uma embalagem passa justamente pela escolha de seu formato e usabilidade. Isso se reflete até na energia gasta na logística de obtenção, transporte e reciclagem desses materiais.
Além dos citados, é preciso considerar outros fatores durante a idealização de um design de produto:
Evitar o uso de elementos tóxicos para sua fabricação ou descarte;
Uso de energia renovável na fabricação, transporte, reciclagem e descarte;
Conservação do produto e maximização da vida útil da embalagem;
Informações sobre materiais e orientações sobre descarte adequado no rótulo;
Caso não seja possível reutilizar a embalagem, especificar destino e reaproveitamento dos materiais por outras indústrias.
3. Valorizar a educação ambiental
A implementação de uma economia circular é uma mudança que começa internamente na companhia. Por isso, a preocupação com o capital humano é essencial. Cursos, palestras, workshops e demais incentivos educacionais serão muito benéficos neste momento para que os funcionários entendam a importância desses novos métodos de pensar em economia.
Quando o processo interno estiver solidificado, a empresa pode passar para ações educativas na comunidade, como a abordagem do tema em escolas e iniciativas de conscientização local. Além de expandir a economia circular, o negócio ainda trabalha sua imagem de marca sustentável.
4. Promover o engajamento
Alguns processos vão além do controle da empresa. Portanto, faça o possível para engajar fornecedores, terceirizadas e até clientes nessa nova empreitada. Contar com cooperativas de reciclagem e operadoras de sistema de logística reversa já é um começo. Quando a empresa se cerca de pessoas intrinsecamente envolvidas com economia circular, começa a motivar outros componentes a participar.
5. Realizar parcerias com empresas
A Ambipar tem um laboratório de PD&I para desenvolver tecnologias e inovações a partir de resíduos. Com diversas patentes registradas de produtos sustentáveis, promove a economia circular e auxilia empresas com a destinação correta de seus resíduos. Dentre as principais inovações destacam-se as rações feitas a partir de restos de crustáceos, que antes eram despejados no mar; o amaciante sustentável produzido com resíduos das indústrias de cosméticos e o sabonete desenvolvido a base de colágeno oriundo do revestimento de cápsulas para indústrias farmacêuticas.